sexta-feira, 12 de março de 2010

Terça-feira resolvi fazer algo para relembrar a época "pré-França-Marrocos-8 anos-fora". Peguei um táxi e fui para um show sozinha. Showzinho de rock, Luen, legal... pra não esquecer que moro no Rio, que tenho que sair à noite, me divertir e blá blá, pra fazer parte, pra não contrariar...besteira.
Mas não é que me fez bem...estava lá muito feliz, sentada, sozinha, esperando começar, observando as pessoas, olhando para tudo, olhando para nada, pensando na vida enquanto não pensava nela, se é que dá pra entender. Universo paralelo, abstrato, pertencendo por estar lá, destoando por estar sozinha.Tendo como chopp uma dúzia de pedras de gelo num copo de Coca Zero. Passando despercebida e atraindo olhares curiosos, como o de um adolescente meio bêbado que entrou no meu espaço, me analisou por toda a infinidade de um minuto incômodo e disse: "Você parece uma estátua, há uma hora que quase nem pisca." Virou as costas e voltou para o bar, já apagando da memória minha tediosa presença.
Assisti o show, encontrei no final um casal de amigos, trocamos umas palavras, ficamos de nos rever, "mas sem papo de carioca, hein?"...Despedi do produtor, que me avisou do show e colocou meu nome na tal "listinha amiga", onde riscaram meu nome e me entregaram uma daquelas cartelinhas bem chatas que tem que ficar guardando e pensando nela o tempo todo para não a perder de vista, coisa que ando sabendo fazer como ninguém. Não com cartelinhas de bar, mas com toda informação prática ou objeto que apareça na minha mão e que em dois segundos desaparecem ou são esquecidos.
Minha percepção prática e concreta nunca esteve tão mal. Minha percepção sensorial e emocional nunca esteve tão eficiente por força dos acontecimentos. E também tão sensível.
Realmente, o momento agora é para atravessá-lo sozinha.
E um showzinho também ajuda.

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